8.3.12

Resenha - Colcha de Retalhos - Angelo Pessoa

Um aforista chamado Domit

Meu primeiro contato com os escritos de Rodrigo Domit aconteceu por acaso. Estava lendo os premiados do concurso de poesia Helena Kolody e deparei-me com seu minúsculo, porém extraordinário, poema: Curiosa. Brilhante!
Causou-me surpresa uma banca julgadora ter coragem (o que falta em muitas) de premiar um poema de três versos. Mas aconteceu. Não poderia ser diferente, pois ‘Curiosa’ dizia muito em poucas palavras. Assim como fez Renato Russo com sua imbatível composição “Por enquanto”, minha música favorita.
Esta semana comprei ‘Colcha de Retalhos’, do Domit, um livro pequeno, abastecido de curtas composições, boas intenções e poesia pra mais de metro.
O livro me fez lembrar a velha máxima “as melhores essências estão nos menores frascos”. Domit levou isto tão a sério que acabou criando um pequeno clássico, sim, pois abastado de aforismos, inversões, fantasia e, acredite, surrealismo.
Penso que Karl Kraus ficaria orgulhoso em conhecer Domit. Melhor, acho que ele almejava ter um filho assim. Abusando: EU gostaria de ter um filho com tamanho talento.
O livro poderia conter um único conto: ‘Viver e recordar’, já bastaria. Mas não seria um livro, certo? Isso. Então, sabiamente, o jovem escritor resolveu reunir outras pérolas e deu nisso. Uma pequena manta que na dedicatória, humildemente, “pensa servir somente para cobrir os pés...”. Engano, ela aquece a alma inteirinha.
Valeu muito experimentar.


* Angelo Pessoa é professor e escritor, reside em Cordeiro - RJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário