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Matéria na página 22
Retalhos do cotidiano
Radicado no RJ, o escritor Rodrigo Domit lança amanhã em Londrina o livro Colcha de retalhos, vencedor de um prêmio da Utopia Editora
04/05/2012 | Fábio Luporini
Uma série de acontecimentos levou o jovem estudante de publicidade a voltar suas atenções para a literatura. Rodrigo Domit passou a escrever com mais frequência depois que lhe chegou às mãos livros do escritor uruguaio Eduardo Galeano. Antes, porém, havia vivido experiências do cotidiano, que mudaram o jeito de encarar o mundo. Cenas do dia a dia são temas que se entrelaçam entre as diversas linguagens poéticas – com predominância dos contos – no livro Colcha de retalhos (Utopia Editora, 80 págs, R$ 10), que será lançado amanhã em Londrina.
“Eu fazia publicidade e três marcos me fizeram ir para a literatura”, conta o jovem escritor. “Um dia eu estava em Londrina e tomei uma surra à toa na rua, de graça. Quebraram uma garrafa na cabeça do meu amigo. E o resgate o deixou na rua porque ele estava cheirando álcool. A polícia pegou os caras e soltou porque era gente de família famosa”, afirma. Coisas do cotidiano? “Aí eu comecei a ler o Eduardo Galeano. E gostei de como ele abordava as questões do cotidiano.” Depois de passar a escrever com mais intensidade, resolveu levar a literatura a sério.
Os textos de Colcha de retalhos dão um panorama semelhante ao que o próprio título do livro retrata. Contos, prosa poética e crônica. “A melhor palavra que define é a heterogeneidade”, diz Rodrigo. Há, segundo o autor, uma grande diversidade, “uma costura entre temas e diferentes linguagens.” Escritos entre 2007 e 2008, os textos foram reunidos para um prêmio do Sesc. Sem encontrar alguma editora que apostasse no projeto, Domit precisou reeditar em 2010, incluindo novos textos e retirando outros. Desta vez, havia vencido um prêmio da Utopia Editora.
Entre as cenas cotidianas, estão problemas de relacionamento, rotinas de trabalho, sentimentos como vingança. “Tem pessoas que ficam enfurnadas no trabalho e deixam de ver a beleza que está à volta”, explica. São experiências pessoais de andanças por aí. “Enquanto eu converso com você estou caminhando no centro do Rio de Janeiro. A cidade é cheia de gente maluca”, aponta. Maluquices, talvez, que nem o próprio escritor está imune. “Acho que foi isso que me fez mudar para cá.”
Domit nasceu em Curitba, mas é londrinense. “Meus pais moravam em Londrina e minha mãe estava fazendo tratamento para engravidar. E fomos para Curitiba só para nascer. Morei em Londrina até 2002, quando fui fazer Comunicação Social em Curitiba”, conta. E, cansado da capital, resolveu se mudar. Em 2009 foi ao Rio de Janeiro. Era para uma pequena temporada, que virou moradia. O escritor conheceu pela internet uma amiga. “A gente se conhecia por causa dos textos que ela encontrou num blog meu.”
A partir daí passaram a se comunicar pela internet. “Quando ela me achou no Orkut, viu que eu era o dono dos textos que ela gostava.” Foi assim durante cinco anos. “Fui fazer um concurso no Rio e ela era meu único contato. Acabei ficando hospedado na república que ela morava. E a amizade virtual virou um namoro real.” Hoje os dois vivem juntos.
Serviço: Lançamento do livro Colcha de retalhos, de Rodrigo Domit. Amanhã, às 19 horas, no Villa Badú (R. Alagoas, 679). O livro, de microcontos, foi vencedor do Prêmio Utopia de Literatura (2010) e custa R$ 10.
Fonte:
Jornal de Londrina do dia 04 de maio de 2012
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