Todo evento literário do Brasil, em algum momento, enfrenta
críticas por ter se tornado demasiado comercial, com mais foco no mercado do
que na criação e nos debates e estudos sobre a literatura. No entanto, esta
crítica só se enquadra aos eventos que têm a pretensão de estabelecer o foco no
estímulo à criação ou nos debates e estudos literários; e a Bienal do livro
apresenta-se como um espaço mais amplo, que conta com espaço para o estímulo à
criação e para os debates, mas que é voltado a movimentar o mercado editorial
e, principalmente, ao encontro entre profissionais do livro, e entre estes
profissionais com instituições, projetos e outros segmentos editoriais.
Este ano, a Bienal conta com cerca de 480 expositores e
espera receber um público de 800.000 pessoas. A maior parte do público é
formada por leitores que não são escritores ou estão ligados ao mercado editorial;
e este público é agraciado com a possibilidade de encontro com escritores e com
uma variedade enorme de obras, desde as obras das grandes editoras até as obras
de autores independentes que investiram em estandes. Esta movimentação do
mercado é uma das faces da Bienal.
Outro aspecto do evento é a possibilidade de encontro e
interação entre os profissionais da área editorial e também destes
profissionais com instituições, projetos e algumas propostas e novidades do
mercado. Há estandes de diversas editoras; de instituições públicas relacionadas
à literatura, como as editoras universitárias, as Secretarias de Cultura e a Fundação
Biblioteca Nacional; de instituições não necessariamente ligadas à literatura,
mas que desenvolvem trabalhos editorias, como a Fundação Alexandre de Gusmão e
a Embrapa; de instituições que desenvolvem projetos interessantes, como o Instituto
Pró-Livro e Fundação Dorina Nowill; e, por fim, estandes de editoras e instituições
que abrem espaço para os autores conhecerem e se inserirem nos rumos do mercado,
como a Nuvem de Livros, projetos com foco na autopublicação e integração da
literatura com outras artes e mídias.
Além dos estandes, há espaços como: o Salão de Ideias; os
palcos e mesas de debates do SESC, SESI e SENAI; as concorridíssimas mesas de autógrafos
e lançamentos; a presença de instituições estrangeiras, que buscam ampliar o
intercâmbio com a literatura brasileira; e muitas outras opções para estabelecer
contatos e, especialmente, para lapidar-se como um profissional do mercado
editorial.
Em outras áreas de atuação, um evento destas proporções
seria inimaginável. Poucos são os congressos e eventos em que os que dão os
primeiros passos na carreira têm oportunidade de dialogar com aqueles que já
estão no topo, com empresas e instituições que estão dispostas a investir no
mercado e, ao mesmo tempo, com projetos que estimulam o empreendedorismo.
Se nós, autores, temos na Bienal um evento voltado ao mercado,
temos mais é que agradecer; pois, caso não o fosse, estaríamos fadados a
trilhar por caminhos desconhecidos sem qualquer farol para nos apontar os
caminhos. Sem contar que, como ponto de encontro, um evento deste porte também
estimula o estreitamento de laços entre autores que, muitas vezes, só se conhecem
através da internet. Infelizmente, este ano esqueci meu celular e acabei me
desencontrando dos amigos e colegas; mas no ano que vem, aqui no Rio, estarei presente e mais atento.
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