15.8.12

A Bienal do Livro e a formação profissional dos autores

Todo evento literário do Brasil, em algum momento, enfrenta críticas por ter se tornado demasiado comercial, com mais foco no mercado do que na criação e nos debates e estudos sobre a literatura. No entanto, esta crítica só se enquadra aos eventos que têm a pretensão de estabelecer o foco no estímulo à criação ou nos debates e estudos literários; e a Bienal do livro apresenta-se como um espaço mais amplo, que conta com espaço para o estímulo à criação e para os debates, mas que é voltado a movimentar o mercado editorial e, principalmente, ao encontro entre profissionais do livro, e entre estes profissionais com instituições, projetos e outros segmentos editoriais.

Este ano, a Bienal conta com cerca de 480 expositores e espera receber um público de 800.000 pessoas. A maior parte do público é formada por leitores que não são escritores ou estão ligados ao mercado editorial; e este público é agraciado com a possibilidade de encontro com escritores e com uma variedade enorme de obras, desde as obras das grandes editoras até as obras de autores independentes que investiram em estandes. Esta movimentação do mercado é uma das faces da Bienal.

Outro aspecto do evento é a possibilidade de encontro e interação entre os profissionais da área editorial e também destes profissionais com instituições, projetos e algumas propostas e novidades do mercado. Há estandes de diversas editoras; de instituições públicas relacionadas à literatura, como as editoras universitárias, as Secretarias de Cultura e a Fundação Biblioteca Nacional; de instituições não necessariamente ligadas à literatura, mas que desenvolvem trabalhos editorias, como a Fundação Alexandre de Gusmão e a Embrapa; de instituições que desenvolvem projetos interessantes, como o Instituto Pró-Livro e Fundação Dorina Nowill; e, por fim, estandes de editoras e instituições que abrem espaço para os autores conhecerem e se inserirem nos rumos do mercado, como a Nuvem de Livros, projetos com foco na autopublicação e integração da literatura com outras artes e mídias.

Além dos estandes, há espaços como: o Salão de Ideias; os palcos e mesas de debates do SESC, SESI e SENAI; as concorridíssimas mesas de autógrafos e lançamentos; a presença de instituições estrangeiras, que buscam ampliar o intercâmbio com a literatura brasileira; e muitas outras opções para estabelecer contatos e, especialmente, para lapidar-se como um profissional do mercado editorial.

Em outras áreas de atuação, um evento destas proporções seria inimaginável. Poucos são os congressos e eventos em que os que dão os primeiros passos na carreira têm oportunidade de dialogar com aqueles que já estão no topo, com empresas e instituições que estão dispostas a investir no mercado e, ao mesmo tempo, com projetos que estimulam o empreendedorismo.

Se nós, autores, temos na Bienal um evento voltado ao mercado, temos mais é que agradecer; pois, caso não o fosse, estaríamos fadados a trilhar por caminhos desconhecidos sem qualquer farol para nos apontar os caminhos. Sem contar que, como ponto de encontro, um evento deste porte também estimula o estreitamento de laços entre autores que, muitas vezes, só se conhecem através da internet. Infelizmente, este ano esqueci meu celular e acabei me desencontrando dos amigos e colegas; mas no ano que vem, aqui no Rio, estarei presente e mais atento.

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