O tempo devorou meus sonhos bucólicos.
Pasárgada tornou-se um balneário, repleto de turistas com paus de selfie, lives e hashtags.
Não se faz mais uma refeição decente por menos de 200 patacas, que é quase meio salário dos que ali trabalham; mas que não moram mais ali, pois o aluguel também subiu após a renovação do centro histórico e os polpudos contratos para a temporada.
Agora, os trabalhadores de Pasárgada moram do outro lado do rio, nos manguezais, em palafitas amontoadas e abalroadas. No tempo das monções, a água, a lama e o óleo das embarcações invadem as casas. O rei sempre lamenta muito, mas lamenta enquanto banqueteia-se cercado por seus novos amigos: os grandes empresários que incentivam o turismo, que administram o porto e que movimentam a economia local.
Vou-me embora de Pasárgada, mas não sei se resta para onde ir.
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