27.4.09

Correspondente de guerra II

Era uma madrugada de primavera. Eu não sabia exatamente qual dia porque não saia de casa desde que vim para cá. Ouvi os primeiros tiros. A violência assustou a vizinhança, gritou e acendeu a luz.

Confuso, tive vontade de ir até a janela, para ver se conseguia alguma imagem do combate, mas tive medo de ser alvejado por alguma bala perdida. Ciente dos riscos, engatinhei até a janela e, decepcionado, vi o cenário fantasma de toda madrugada. Também vi as poucas luzes nos prédios em volta apagando-se aos poucos, enquanto acostumavam-se com os tiros, cada vez mais escassos. Percebi que o risco que eu corria era relativamente baixo.

A partir deste instante, meu medo era invisível - o que tornava a convivência com ele muito mais fácil. Aliviado, apaguei a última luz e dormi.


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