10.12.14

Audiolivro Colcha de Retalhos, uma obra coletiva

Textos de Rodrigo Domit

Interpretação, vozes e sotaques de Alexandra Barcellos, Alvaro Marcos Teles, Ana Cecília Reis, Ana Paula Scolari, Andréa Filisberto, Ariadne Cavalcante, Carlos A. Antonholi, Eliziane N. Lobo Pacheco, Emilio Rogê, Fabio Honorato, Gabriela Kruger, Giovani Iemini, Gisele Pacola, Karen Debértolis, Larissa dos Santos Fernandes, Luana Shockness, Luisa Fresta, Marcel Francisco Veiga (Cel Bentin), Marcinha Girola, Mario Filipe Cavalcanti, Paulinho Sabbag, Rafael Cal, Rodrigo Domit, Rosa Cardoso, Sabrina Vaz, Sidclei Nagasawa, Thais Helena Cólus, Thaisa Carolina Meraki, Viviane Oliveira e Zé Alex

17.11.14

Democracia 1.0

Simpaticíssimos sociopatas
são aclamados

por contagiantes aplausos

que se iniciam e se encerram
pela inércia coercitiva

da euforia coletiva

16.11.14

8.11.14

Tradição

Eis, então
o inabalável ciclo da vida:

crescer
morrer

e, após o sangue secar
esfolar aquele maldito

vingar o ente querido

cujos olhos inertes
- refletem o meu destino


--


Foi então que se apresentou, diante de mim, o inabalável ciclo da vida: nascer, crescer e matar ou morrer.

Após o sangue secar, vou esfolar aquele maldito.

Vingarei meu ente querido; cujos olhos inertes, turvos, refletem o meu destino.

6.11.14

Concurso de Poesias Autores S/A

Fui jurado de uma das etapas do Concurso de Poesias Autores S/A, um concurso em formato desafio, com temas, produções e avaliações semanais. Solicitei que fosse divulgada, juntamente com as notas e comentários, a seguinte observação:

Antes de qualquer julgamento, gostaria de protestar que, neste concurso, os que mais se expõem, de fato, são os jurados. Somos nós que, também com prazo curto, precisamos ler, reler, analisar e comentar poemas de autores e autoras anônimos.
Nesta tarefa, sem a opção de ficar calado, resguardando minha ignorância sob o manto da subjetividade, compartilho minhas opiniões enraizadas no vento - e adubadas por teimosia e preconceitos momentâneos, para que façam bom ou mau uso das mesmas, a meu favor ou contra mim.
Agora, com convite aceito e leite derramado, quero que saibam que também estou aqui de face exposta - a revides racionais ou raivosos.


Para saber mais sobre o concurso e sobre os poemas avaliados, acesse:
http://autoressa.blogspot.com.br/2014/11/resultados-das-oitavas-de-final-e.html

5.11.14

Quando eu escrevo

Recebi um convite para participar da coluna "Quando eu escrevo", da revista virtual A Capitolina. 

Eu, que já morei por alguns anos na Rua do Riachuelo, antiga Rua de Matacavalos, local onde se deu o primeiro encontro de Bento Santiago e Maria Capitolina, mais conhecida como Capitu, não poderia deixar de atender ao chamado; Não do destino, mas daquela coisa a que chamamos vulgarmente de porta aberta, espaço ou oportunidade.

Segue o link para a revista:



E, aqui embaixo, o resultado:

O convite para escrever este depoimento, com pauta definida, foi um desafio a ser enfrentado. Por hábito, não costumo definir o tema antes do primeiro momento, estalo, epifania, o que quer que seja. Sou adepto do bom e velho caderno de anotação e utilizo-o para anotar ideias, bases e argumentos. E as ideias costumam aparecer no estímulo de um diálogo, no rolo de um filme, nas entrelinhas de um livro, no vão entre o trem e a plataforma, no material didático de uma aula tediosa, na seção de frios do mercado, sob a poeira da rotina ou pairando sobre os ventos de alguma aventura, mas, em especial e com certa frequência, costumam bater à porta logo que eu me ajeito na cama (e não quero levantar) ou quando acabo de entrar no chuveiro (e não quero molhar a casa inteira). Após algum tempo, garimpo o caderno para escolher as ideias a serem lapidadas - algumas são escolhidas no mesmo dia, outras, anos depois. No entanto, não descarto nenhuma, ficam todas lá, encarceradas, apenas aguardando a execução. Quando, enfim, vou escrever, coloco uma música para tocar, e desenvolvo o tema. Depois vou lendo e cortando aqui, substituindo um termo ali, tentando dar um pouco de ritmo acolá. Nem sempre dá certo. Muitas vezes, insatisfeito com o resultado, devolvo a ideia ao caderno de anotações. Quando satisfeito com o exercício ou com o texto em si, liberto-o para circular, esperando que nunca volte.

3.11.14

Não, não é de autoajuda

Contos de Autoajuda para Pessoas Excessivamente Otimistas é o livro de estreia do escritor mineiro Luís Fernando Amâncio. A obra é uma compilação de breves narrativas e conquistou o 3º lugar na categoria Jovem / Contos do Prêmio Literacidade 2014, organizado pela editora homônima ao prêmio, sediada em Belém, Pará.

Por causos e acasos deste mundo literário, o autor convidou-me para fazer uma leitura prévia e redigir um prefácio para a obra. Tratou-se de minha primeira experiência no ramo e, por conta disso, pautei-me - além da obra - em preconceitos banais para redigir o breve texto cuja introdução se encontra um pouco adiante deste parágrafo de colocações pouco enriquecedoras.

O mais importante é que a obra está disponível a todos os curiosos pelo seguinte endereço: http://www.literabooks.com.br/contosdeautoajuda



Não leia antes de terminar de ler
Rodrigo Domit


Antes de iniciar o prefácio, dou-me a liberdade de refletir acerca do papel deste pequeno texto. Nos tempos da leitura dinâmica e da ausência de uma pausa para a digestão do conteúdo que acabou de ser lido, o prefácio tornou-se uma análise prévia do conteúdo, indicando o que se vai encontrar pela frente; Um resumo/introdução que poupa o leitor de grandes surpresas e da tarefa de refletir entre uma página e outra. É como ler o resumo da novela da noite no jornal da manhã, ou ler os comentários sobre o novo episódio da sua série favorita antes que você possa fazer o download da versão legendada (não que eu já tenha feito isso, mas sabe como é o pessoal). Sendo assim, recomendo que você, leitor, só volte a esta página depois de terminar de ler o livro; Então, com uma opinião formada sobre a obra, você volta aqui para saber se concorda comigo ou se acha que eu não entendi nada do que está escrito ou subentendido nas próximas páginas, combinado?

...

O princípio

Um utópico saudodista
de tempos inenarráveis

quando memórias
se desfaziam
feito fagulhas esvoaçantes

cada momento
uma novidade

e a linguagem
- em sua aurora

um jogo de adivinhar


29.10.14

27º Festival de Poemas de Cerquilho

O poema Rascunhos foi selecionado entre os dez finalistas do 27º Festival de Poemas de Cerquilho - FEPOC, evento organizado pela Prefeitura de Cerquilho, através do Departamento de Cultura.

No dia 22 de novembro, às 20h, haverá a final do concurso, com interpretação dos poemas, no Teatro Municipal de Cerquilho.

Para conferir o resultado e os outros selecionados, acesse:

28.9.14

Rascunho

Há sempre espaço

para mais um traço
- de medo

uma sombra
- de dúvida

ou um contorno
- de hesitação


os riscos incertos
de um sujeito rascunho


um homem só fica pronto
- imutável

quando morto

10.9.14

Remanescente

Segui ao lado da maca, incrédulo. Na chegada ao hospital, ao abrir a porta da ambulância, deparei-me com aqueles olhos angustiados, olhos de mãe, e não soube o que dizer.

Quando desci ainda estava desnorteado. Senti enjoo. Ao entrar no banheiro, deparei-me com aqueles olhos distantes, que não pareciam meus, as mãos trêmulas, sob as quais não tinha qualquer controle. Passei a língua pelos dentes trincados, com uma aspereza alheia à boca, tal qual o gosto de sangue, e tentei vomitar. Não consegui, nada havia para sair.

Nos dias que se seguiram, tentei manter o controle, como se normal fosse, superado estivesse. Os sorrisos, no entanto, tornaram-se reflexos mecânicos, autônomos mecanismos de defesa. As falas já não me pertenciam, resumiam-se a grunhidos, respostas vagas ou reles perguntas retóricas.

Apesar de tudo isso, as ausências mais sentidas foram das ilusões, tomadas de minhas mãos, e das ainda incertas, mas já ceifadas, esperanças; Nada como uma tragédia para deixar um sujeito mais amargo.

3.9.14

Passageiro

Em cada estrada
rua ou viela

em cada quarto de hotel
albergue ou pousada

em cada praia
museu ou parque

nas caminhadas
- a cada passo

cada vez que me desvio

encontro-o
fitando-me

o amor derradeiro

2.9.14

Orgânico

Pouco lhe importava o palco, o som, a vibe. Apenas observava os rostos sorridentes a bloquear-lhe o caminho e o riso afoito daqueles que nele esbarravam sem sequer percebê-lo

Pisou na lata com força antes de colocá-la na sacola; Já não sentia raiva, era outra coisa

1.9.14

Casa de repouso

- Já deu dez horas? - Ela perguntou, atravessando-me o olhar

Voltando as atenções ao portão de entrada, completou:
- Minha filha vem me buscar às dez

E aqueles olhos esperançosos, persistentes, devastaram-me

30.8.14

Conversor

A ambição desenfreada
ganhou ares de determinação

E aquela inércia preguiçosa
tornou-se ponderação

Enquanto o sujeito desbocado
coroou-se, sem nem corar-se, “de personalidade forte”

Na entrevista para um ofício
converte-se, em virtude, cada vício

22.8.14

Concursos de Porto Alegre

Sempre tive grande carinho pelo Rio Grande do Sul (céu, sol, sul, terra e cor...), que me acolheu por alguns anos, em minha infância.

Nos últimos anos, participando dos concursos literários organizados pela Secretaria de Cultura de Porto Alegre, descobri que a paixão é correspondida.

Confira abaixo a lista de selecionados dos concursos deste ano:

Concurso Poemas no Ônibus e no Trem

Concurso Histórias do Trabalho

26.7.14

Via expressa

A luta pelo espaço

entre as faixas
nas filas do semáforo


os choques inevitáveis

e os faróis quebrados
para-choques amassados


os surtos instintivos

xingamentos, ameaças
socos ou tiros

e gritos


Tudo aquilo que calamos

a via expressa


24.7.14

Tentação

E os tolos continuam
a comprar maçãs mordidas

que logo perecem
- amareladas

enquanto outras florescem
- vermelhas e lustradas

em galhos mais altos

28.5.14

Passado

Na caixa de sapatos
no fundo da gaveta

cartas e bilhetes
uma foto 3 por 4

e embalagens vazias

papel presente
- amarelado


fósseis de um amor antigo



22.5.14

Lapso

Naquela noite, prepararam a mesa para quatro.

Quando sentaram-se para jantar e perceberam o ato falho, trocaram olhares desconsolados e marejados.

Não fizeram qualquer oração, mal tocaram a comida e dispersaram-se pela casa, entre prantos e silêncios. Cada um tentava, à sua maneira, lidar com a perda.




13.5.14

Catarinenses dão show no Prêmio Sesc de Literatura no Distrito Federal


O Sesc-DF divulgou os selecionados para o Prêmio de Literatura: Crônicas Rubem Braga, Poesias Carlos Drummond de Andrade, Contos Machado de Assis e Contos infantis Monteiro Lobato. A premiação ocorrerá no dia 3 de junho, às 20h, no Sesc Estação 504 Sul. Como forma de incentivo a estes artistas, o Sesc-DF distribui premiação em dinheiro que na edição de 2013 totalizou R$ 44 mil em prêmios. Os selecionados dos prêmios literários estarão em coletânea de livros que será lançada em 2014.

O respeitado advogado tributarista Geraldo Leitão é um dos selecionados na categoria Contos e terá publicada na coletânea a obra "Eles, cujos nomes não dizemos". Geraldo mudou-se de São Paulo para Florianópolis há mais de 20 anos buscando melhor qualidade de vida, adotou a cidade e foi adotado por ela. Teve seus filhos aqui, um dos quais está no Instituto Rio Branco completando os estudos para tornar-se um Diplomata. Além dele, outros escritores e poetas catarinenses também foram premiados. Na categoria Poesias, foi selecionado Rodrigo Domit, com o trabalho "Veredas", e finalmente na categoria Crônicas, dois catarinenses: Eliana Ruiz Jimenez, com a obra "Tração Humana" e Ubirajara Antonio Lamartine Rosar com a crônica "Os três pés de pêras". Parabéns aos nossos vencedores.

7.5.14

26 e 27/04 - Jornal Notícias do Dia, de Joinville - SC

Na edição dos dias 26 e 27 de abril, o jornal Notícias do Dia, de Joinville - SC, publicou, na página da Confraria do Escritor, os seguintes textos: Silêncio, Sitiada, Traças, Cárcere privado (poesias) e Audácia (conto).

Para conferir os textos, e a ótima interpretação/ilustração do Mendes para a poesia Traças, clique na figura abaixo:


6.5.14

SAMIZDAT 40

Está no ar a Revista SAMIZDAT 40, da qual participo com a poesia Sitiada, entre outros tantos autores brasileiros e lusófonos, selecionados pelo editor Henry Alfred Bugalho.

Para conferir esta edição, acesse:

3.5.14

22 e 23/02 - Jornal Notícias do Dia, de Joinville - SC

No dia 22 de fevereiro de 2014, a página da Confraria do Escritor no jornal Notícias do Dia, de Joinville - SC, trouxe diversos de meus pequenos poemas.

Para conferir os textos publicados, clique na imagem abaixo:


14.4.14

Legado

Nossos filhos vão lutar
por nossa herança


Herança maldita
da intolerância
da fome 
da sede 
e das pestes



Dark Future, por Dennis Bautista

12.4.14

Orgânico

Elemento
que se molda
e adapta-se

tomando formas distintas


que se conecta
e funde-se

forjando vínculos e compostos


que se decompõe
e purifica-se

regressando a sua essência


e que, sem cessar
se reconstrói
- a partir das cinzas

do pó de grafite

ao diamante

6.4.14

5.4.14

Microcrônicas #1 - Pombos, peixes e outros espécimes

Vez por outra, recebemos olhares enviesados apenas por demonstrar simpatia por determinado autor, músico, banda, cineasta, grupo de teatro, entre outros; ora porque ninguém mais aguenta os seguidores, ora porque ninguém mais aguenta os seguidos. Neste momento desconfortável, já somos rotulados, com aquele ar superior e debochado, de "fã-de-tal-coisa", "o-que-quer-que-seja-zete". E, se negarmos a pecha, apontam que a negação e qualquer discussão posterior confirmam, precisamente, que estavam certos.

Não há quem conteste que há fãs maníaco-eufóricos-pé-no-saco, daqueles que defendem os ídolos como se irmãos - e tem até gente que sai por aí pregando humildade e diversos feitos e milagres, sem sequer ter trocado duas palavras com estas supostas entidades. Mas, não se pode generalizar: a simpatia em torno de uma obra não pressupõe, automaticamente, a submissão incontestável e incondicional à adoração por aqueles que a criaram. Afinal de contas, não é por gostar de pipoca que sou como os pombos, que engolem qualquer migalha ou caroço com que se depararam Ou como os peixes, desesperados, que mal diferenciam pedaço de pão e cuspe.

Fica, então, o aviso aos que tem sempre em mãos um punhado de alfinetes e etiquetas, prontos para alfinetar e categorizar seres humanos em suas restritas coleções de espécimes: a vida é feita de escolhas, mas a personalidade vai muito além disso, e sua variedade de facetas não se enquadra em qualquer esquema de organização, por mais metódico que seja.

30.3.14

28.3.14

Esvoaçantes

Dispenso as honrarias
de homem honesto e trabalhador

Dispenso as pompas
de empenhado idealista 

Dispenso os discursos sérios
- e as lembranças em traços fortes


Que evoquem apenas
memórias difusas

de tempos esvoaçantes


E que me escrevam na lápide:

"Correu entre varais estendidos"

14.3.14

Insustentável

Para obter o papel do livro
derrubou a árvore, aquela

E quando, enfim, veio o filho

já não restava muito mundo




8.3.14

Lusco-fusco

No alvorecer dos sonhos
ante o crepúsculo da consciência

na insólita fusão
do céu sob sol e lua


eis é que despontam

desentocadas
- ainda ariscas
as mais fascinantes ideias

que, infelizmente
se perdem

num farfalhar de lençóis

7.3.14

.

O final definitivo

o bilhete
do suicida

carregado pelo vento

I Concurso de Minicontos Autores S/A

Os contos Intragável e Tão perto, tão longe foram selecionados para compor a antologia do I Concurso de Minicontos Autores S/A, organizado pela Autores S/A, em parceria com a Editora Penalux.

A obra foi publicada no ano passado e pode ser adquirida através do site da editora.


Para conhecer os contos, acesse os links abaixo:


25.2.14

Tormenta

Nos campos

o vento assobia


Mas entre os vãos
do concreto

o vento grita

- de agonia

4.2.14

Devaneios

Eu ainda era muito pequeno, mas já sabia que eles circulavam por aí, ao nosso redor, ainda que invisíveis.

A princípio, contentava-me em tentar alcançá-los nos raros momentos em que se revelavam, mas, com o tempo, descobri uma maneira de deixá-los expostos: bastava cobrir-lhes de água.

E foi então que comecei, fizesse chuva ou sol, a partir em audaciosas expedições, munido de uma mochila com ferramentas (tesoura, cola e grampeador), kit de primeiros socorros (band-aid e merthiolate), um borrifador, um pequeno carretel de barbante e imensas expectativas. Bem equipado, eu seguia para a beirada do lago e preparava engenhosas armadilhas e traquitanas, cada vez mais enroladas e confusas.

Nunca consegui capturar nenhum, nem chegava perto disso; Mas sempre voltei para casa repleto de histórias para contar, radiante, e com os passos firmes e a postura altiva de um grande caçador de arco-íris.

30.1.14

Domínio da arte

Atado pelas mãos e pescoço, move-se contido, mas com precisão, e sorri.

Mal sabe ele que é apenas marionete, à mercê do violino.






29.1.14

Quimeras

De tempos em tempos, encontro-me diante destas criaturas míticas: quimeras íntimas.

Metade desconhecidas; A outra, amores antigos.











17.1.14

Miragens

Não adianta tentar iludir-me

Já conheço esta cidade 

repleta de homens
atirados aos cantos 

- falando sozinhos


com as mãos
cheias de esperança


e as pernas

cobertas de feridas





11.1.14

Indescritível

Quando abri a porta, ela ainda estava secando as pernas: com o pé direito sobre o assento da privada, esfregava-o com uma ponta da toalha enquanto a outra ponta repousava leve e casualmente sobre a coxa.
O que mais me chamava atenção, no entanto, era o vapor inebriante que se condensava pelas paredes, pelo espelho, e que me tomava de assalto durante os intervalos infindáveis entre uma inspiração e outra. E eu queria guardá-lo, registrá-lo de alguma forma, mas não era capaz de descrevê-lo, de destilá-lo em minhas memórias. Aquele era o aroma do desejo, e eu não admitiria perdê-lo.

8.1.14

28 e 29/12 - Jornal Notícias do Dia, de Joinville-SC

O jornal Notícias do Dia, de Joinville - SC, traz semanalmente uma página dedicada à Confraria do Escritor, instituição sediada naquela mesma cidade. No dia 28 de dezembro de 2013, este espaço foi ocupado por dois de meus textos.