8.1.13

Réquiem para uma tia distante

Tia Isabel era uma cabecinha gorda sob um chapéu demasiado pequeno. Nas raras reuniões de família, falava pouco, sentava longe e nunca saía na primeira fila das fotos - nunca foi protagonista, nem quis ser.

Quando ela desapareceu, ninguém conseguiu encontrar uma boa foto de rosto para entregar à polícia e espalhar pelas redes sociais e e-mails dos amigos e conhecidos.

O corpo só foi encontrado depois de dias e, devido ao estado em que estava, fez-se o velório de caixão fechado. Havia apenas uma janelinha, através da qual se via o rosto - desfocado por um véu; bem como eu me lembrava.

Nenhum comentário:

Postar um comentário